Aí vem a verdade: o autoconhecimento traz a vergonha.
Não sei direito por onde começar. Sabe aquele programa da tevê por assinatura, em que as pessoas caminham por pilhas de lixo, que estão entulhadas nas casas delas, de tantas coisas que elas acumulam? E você olha e fica pensando "meu deus, como elas deixaram chegar nesse ponto?" Pois é. Antes de achar esquisito, antes de achar nojento, de zoar, de julgar, façamos um exercício.
Exercício:
Vá até seu quarto munido de tempo e paciência, de preferência naquele dia em que as roupas sujas voltam magicamente limpas e passadas para seu quarto. Conte quantas calças você tem. Quantas camisas. Quantos calçados. Quantos livros. Quantos acessórios. Quantos perfumes, cintos, hidratantes, dvds, etc. Agora pense: você sabia que tinha tudo isso? Acha que precisa de tudo isso? Acha que tudo bem você ter tudo isso e continuar comprando/desejando coisas? Você usa todas essas coisas que você tem?
Fim do exercício.
Se você não é nem Buda, nem Dalai Lama nem Madre Tereza: você provavelmente vai ter vergonha de ser quem você é no fim desse exercício. Porque somos pessoinhas que compartilham coisas bonitas no facebook, somos a geração que mais fala de sustentabilidade e nossos guarda-roupas (o meu, pelo menos) continua abarrotado de coisas.
Se tenho vergonha? Tenho sim senhor. E é sobre a minha vergonha que quero escrever.
Um dia (o lobo mau bateu na porta) resolvi contar quantas calças jeans eu tinha. Eram muitas e há muito tempo não comprava nenhuma. Mas eram muitas, mais de vinte. Calças de dez ou dois anos, calças que nem serviam mais, calças que nunca tinha usado, calças que não gostava e umas cinco que usava sempre. Doei várias e, ainda assim, continuo com mais calças jeans do que sou capaz de usar.
Com minha mania de limpeza e organização reforçadas por vídeos do Youtube e páginas do Facebook, resolvi fazer o mesmo com a sapateira, na semana passada. Usei dicas de youtubers, coloquei revistas nas botas, para que os canos não amassassem, limpei, comprei desumidificadores e aquele produto que dá brilho nos sapatos, separei seis ou sete pares bons para doação e, por curiosidade, contei os que voltariam para a sapateira: trinta e quatro pares de sapato. Trin-ta-e-qua-tro! Posso usar um sapato por dia durante o mês todo e sobra sapato!!!
Achei tão absurdo! Estou obcecada por esses números enormes! Tudo eu tenho demais. Não há nada que me falte (a não ser meias, não sei o que acontece, elas simplesmente somem!). O que mostra que: sou extremamente privilegiada por ter tudo que preciso e mais um pouco; que não preciso gastar dinheiro com essas coisas até 2040; que sou acumuladora; que era hipócrita (eu nunca, nunca mais direi que não tenho o que vestir, não importa o que digam as blogueiras de moda); que era extremamente desorganizada.
Porque gente organizada certamente saberia onde estão as outras quinze calças jeans que não usa no dia a dia e ao encará-las todos os dias ou se livraria delas ou não teria coragem de ser hipócrita e dizer que não tem o que vestir quando muita gente realmente não tem.
Acelerando um pouco a linha de pensamento
Por que nos enchemos de coisas?
Por que comprar coisas se não podemos comprar uma mini horta de temperos sem grotóx pra por no quintal?
Por que compramos coisas se as coisas mais legais não são coisas?
Por que não usamos esse dinheiro pra conhecer o mundo
Por que achamos que as pessoas ligam pro que estamos vestindo?
Por que temos tanto apego?
Por que temos sentimentos por coisas? Não seria melhor te-los por seres (humanos ou animais)? Por lugares? Por cores? Por mares? Por sons? Por cheiros? Por palavras? Por gestos?
Por que, mesmo que inconscientemente, fazemos coisas das quais nos envergonhamos?
Por que olhamos tanto a vida dos outros e não prestamos atenção aos nossos vícios e erros?
Que tal
Adotar aquela postura do menos que é mais?
Guardar dinheiro? Investir e multiplicar?
Fazer uma horta e parar de comer agrotóx?
Cozinhar mais pra mais amigos?
Aproveitar o monte de coisas que você tem de verdade?
Ler os livros antes que eles mofem e precisem ir para o lixo (ou doá-los logo para a biblioteca da cidade)?
Dar uma de Cris Guerra e ser seu próprio estilista e parar de ouvir o que os outros dizem sobre moda?
Que tal cuidar mais da gente por dentro?
Que tal ser um pouquinho mais parecido com as pessoas que você admira?
Hein? Hein? Hein? ;)
PS: desafio do closet é um desafio em que você fica seis meses sem comprar artigos de closet e não pode repetir o look nenhuma vez, apesar de poder repetir as peças. É uma brincadeira bacana de criatividade e conhecimento. Além de economizar bufunfas.
Por que nos enchemos de coisas?
Por que comprar coisas se não podemos comprar uma mini horta de temperos sem grotóx pra por no quintal?
Por que compramos coisas se as coisas mais legais não são coisas?
Por que não usamos esse dinheiro pra conhecer o mundo
Por que achamos que as pessoas ligam pro que estamos vestindo?
Por que temos tanto apego?
Por que temos sentimentos por coisas? Não seria melhor te-los por seres (humanos ou animais)? Por lugares? Por cores? Por mares? Por sons? Por cheiros? Por palavras? Por gestos?
Por que, mesmo que inconscientemente, fazemos coisas das quais nos envergonhamos?
Por que olhamos tanto a vida dos outros e não prestamos atenção aos nossos vícios e erros?
Que tal
Adotar aquela postura do menos que é mais?
Guardar dinheiro? Investir e multiplicar?
Fazer uma horta e parar de comer agrotóx?
Cozinhar mais pra mais amigos?
Aproveitar o monte de coisas que você tem de verdade?
Ler os livros antes que eles mofem e precisem ir para o lixo (ou doá-los logo para a biblioteca da cidade)?
Dar uma de Cris Guerra e ser seu próprio estilista e parar de ouvir o que os outros dizem sobre moda?
Que tal cuidar mais da gente por dentro?
Que tal ser um pouquinho mais parecido com as pessoas que você admira?
Hein? Hein? Hein? ;)
PS: desafio do closet é um desafio em que você fica seis meses sem comprar artigos de closet e não pode repetir o look nenhuma vez, apesar de poder repetir as peças. É uma brincadeira bacana de criatividade e conhecimento. Além de economizar bufunfas.